terça-feira, 24 de junho de 2014

Um Hábito Nada Agradável


Cebolinha, com um giz preto, desenha no muro uma "caricatura" da Mônica, "elefantando" suas proporções. Porém, antes mesmo dele terminar o desenho, já leva uma coelhada. É a própria, que vendo a "representação" no muro, não se aguentou e rodou o Sansão.

Cenas como essa, tão comuns até um tempo atrás, não aparecem mais nos gibis. Se você for a uma banca e folhear as historinhas da Turma da Mônica, descobrirá um pequeno detalhe: há sempre um cartaz entre o desenho e o muro.

É isso mesmo. O "politicamente correto" implantado nas Hq's não permite mais que as paredes públicas sejam rabiscadas. Por quê?

Por que na visão da revisão da MSP, ao ver o exemplo, as crianças que lerem os quadrinhos vão sair por aí copiando as atitudes dos personagens.

Então levanto a mesma questão apresentada na primeira postagem que fiz no blog: será que as crianças vão mudando com o tempo, ficando mais abobalhadas, a ponto de não saberem divergir o que é fantasia do que é realidade, ou será que os adultos estão ficando cada vez mais preocupados (neuróticos) em dar bons exemplos que estão procurando chifre em cabeça de cavalo?




Se antigamente tudo isso era tão comum, porque houve essa mudança?

E o pior não é isso. Se essa descaracterização se restringisse apenas ás histórias novas, tudo bem.. Mas não.

Até nas histórias antigas que são republicadas nos almanaques, essas mudanças são feitas. Veja na imagem acima que um cartaz foi inserido na imagem. Não gosto disso. Assim, estão modificando também o trabalho dos roteiristas e desenhistas que fizeram a história na época.

 

Perceba que fica também um certo absurdo: os pais dariam dinheiro, então, para o filho comprar fitas adesivas, cartolina e canetinhas para ele fazer um desenho pejorativo de sua amiga e sair por aí colando?

Ou então ele mesmo gastaria sua mesada nesses materiais, sabendo que quando ela visse o desenho, com certeza iria arrancá-lo e rasgá-lo, e depois ainda ia atrás dele para bater?

Era muito mais coerente apenas um desenho, com giz, carvão..., que fique marcado, e pronto. 

Essa resolução foi apresentada em uma história específica, que saiu em um número do Cebolinha. Intitulada de "Os Tempos Mudaram", ela marca o início da utilização de cartazes.

Nela Cebolinha está ás voltas com a fita para grudar uma cartolina com um desenho da Mônica. Ela vê antes, e bate nele. Ele então, com raiva, amassa tudo e joga no lixo. Fala para Cascão que os tempos mudaram, e que antigamente tudo era mais fácil. E, com uma caneta preta, mostra a praticidade de se desenhar diretamente no muro (o último). Um servente de limpeza da cidade vê e fica furioso.

Cascão ainda fala do "mau exemplo" que isso causava. No final da história, Cebolinha diz que mesmo assim nunca iria desistir, e cola mais alguns cartazes. Mônica o pega novamente no flagra e se põe a persegui-lo.

Foi a partir daí que essa reformulação começou.

5 comentários:

  1. Credito da primeira imagem ao "Arquivos Turma da Mônica" e da segunda ao "Blog do XANDRO".

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  2. Esse politicamente correto me irrita cada vez mais! A MSP age como se as crianças fossem os seres mais inocentes do mundo, como se não tirassem sarro da cara dos colegas, como se não soubessem o que é uma arma e um bandido, sendo que basta ligar a TV pra ver isso, e TV é o que as crianças mais assistem. As crianças perdem a inocência cada vez mais cedo, inocente é aquele que acha que elas não sabem nada, e além disso, não é uma história em quadrinhos que vai influenciá-las a fazer o que não é correto.
    Hoje compro cada vez menos as novas revistas, as mensais só compro se for especial. Se continuar assim, a turma da Mônica vai acabar virando revista educativa.

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    1. Também penso assim. Até porque as revistinhas são para divertir e nos fazer dar boas risadas. É claro que com essas mudanças que estão sendo feitas, a qualidade vai caindo. Nem se compara aos gibis de antigamente.

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  3. São ridículas todas essas mudanças nas características dos personagens para atender ao politicamente correto. Não dá pra aceitar eles colando cartazes em muros. Uma pena estar chegando a esse ponto os gibis atuais. Eu nem compro.

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    1. Eu também penso assim, Marcos, e nem compro os gibis atuais.

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